Page 38 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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já adultas, trabalhavam para colaborar com o progresso, para a continuação, não é?
                            Enquanto meu pai continuava mais dedicado à fazenda, as minhas irmãs começaram a

                            influenciar na loja, principalmente minhas irmãs mais velhas, Nicéa, Lindalva, Socorro.
                            Houve uma mudança grande. Aí passou um período com o comércio de meu pai mais
                            devagar, e o meu avô ficou na outra cidade, de Antenor Navarro. Havia duas lojas e eles
                            se dividiram: meu pai ficou em Cajazeiras com a loja, e o meu avô com a loja na cidade

                            vizinha, que se chama Antenor Navarro, na época se chamava São João do Rio do Peixe.
                            Ele ficou em São João do Rio do Peixe já com o filho, Antônio Adelino Filho, que
                            passou a trabalhar junto, entendeu? E certamente exerceu influência junto ao meu avô.
                            Em seguida, foram para Campina Grande. E meu pai continuou em Cajazeiras, com a

                            ajuda muito grande das filhas, minhas irmãs, que eram Nicéa, Socorro e Lindalva. Eu
                            ainda não estava trabalhando, nem João.



                            E houve uma época em que o senhor estava no seminário.
                            É, houve essa época. Eu não estava trabalhando, estava no seminário. Eu achava que
                            tinha passado muito tempo, mas, na verdade, hoje eu acho que foi pouco tempo que eu
                            passei no seminário, três anos. Pouca coisa. Eu sempre dizia: “eu estudei no seminário”
                            e parecia muita coisa. A criança acha tudo muito, acha tudo grande, entendeu? Então,

                            eu achava que tinha passado muito tempo, mas não era. Eu passei três anos e voltei para
                            Cajazeiras em 1945, exatamente quando terminou a Guerra.



                            E teve algum motivo, em especial, para o senhor não querer seguir o sacerdócio?
                            Não, não teve, não. A família era muito católica, era muito comum ficar feliz quando
                            tinha um filho que ia para o seminário. Como eu era muito jovem e minha família
                            muito católica, havia uma influência muito grande. Quem sabe, talvez, eu pensava que
                            tinha realmente vocação, que era realmente o que eu queria. Como é que um menino,

                            uma criança, pode saber? Não tem condição. Então, nem eu, e acredito que nem os
                            outros... Um menino acha que tem. Ora, aqui, no Brasil, no momento, um rapaz faz
                            o vestibular, entra em uma faculdade de engenharia – uma faculdade boa – e logo,
                            em seguida, estuda dois anos, três anos, e desiste, para fazer, às vezes, outra faculdade

                            totalmente diferente, de veterinária, ou outra qualquer, estou dando apenas um
                            exemplo. Apesar de que eu tenho um sobrinho que deixou a faculdade de engenharia







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