Page 45 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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Então, retomando a pergunta, o senhor falava sobre a saída do seminário e que precisaria
dar continuidade aos estudos para, inclusive, oficializá-los.
O seminário não era equiparado, era até um ginásio bom, o ensino, porém, não era
oficializado. Quando eu saí do seminário, para eu continuar, eu precisava recomeçar o
primeiro ano de colégio, no Colégio Salesiano, em Cajazeiras. Então, para mim não era
muito agradável voltar para o primeiro ano, vindo já mais adiantado. Mas os padres do
Colégio Salesiano – com quem havia uma convivência muito boa, era de frente para
nossa casa – influenciaram e aconselharam mesmo: “É um menino novo, é melhor
estudar aqui mesmo, fazer o ginásio”. Então, aquela minha pretensão não deu certo, e
eu facilmente aceitava, também. Muito jovem, facilmente aceitava. Fui recomeçar no
Colégio Salesiano. Aquilo não era muito agradável para mim, porque os meus colegas
eram, sem dúvida, menos preparados. Se eu não tinha grande preparo, eles tinham
muito menos, que estavam começando, e eram mais jovens. Eu não me sentia bem, e
comecei a ajudar meu pai. Em vez de estudar, já estava mais ou menos preparado, ia
ajudar na loja, porque a família toda ajudava, era uma coisa muito curiosa aquilo... toda
a família! O João (João Claudino Fernandes), que era o mais novo, ajudava também,
entendeu? Aquela minha falta no colégio desagradava bastante o diretor do colégio. Os
padres não ficavam felizes com minha falta, que era muito grande. Até que eu faltei em
uma prova que não era oficializada, era uma prova de religião, e fui para a loja. Ora,
deveria ter ido fazer a prova, e depois ir para a loja. Desagradou mais ainda! O padre
mandou chamar meu pai, para chamar atenção. Quando meu pai chegou lá no Colégio
Salesiano, em vez de chamar minha atenção com muita veemência, disse: “Eu não posso
fazer nada, ele faltou aqui porque estava me ajudando lá” (RISOS). Isso o padre recebeu
muito mal, desagradou a ele. Aí ele mandou uma carta dizendo que tirasse o filho do
colégio. Expulsou (RISOS). Expulsou, porque eu faltei a prova, mas eu não achei ruim.
Por quê? Eu já havia começado a tomar gosto pelo comércio. Naquele período em que
eu faltei no colégio e passei a ajudar, eu já estava começando a gostar.
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