Page 6 - Livro 50 anos Festival Violeiros
P. 6

50 ANOS DE REPENTE



                                                                                                    APRESENTAÇÃO













                                     O Piauí sempre foi terra de vanguarda quando o repente ocupa o centro da cena.

                          É aqui onde as raízes mais profundas desse ofício se entrelaçam com a alma do nosso povo.

                          Neste chão fértil de cultura, o Brasil se reconhece, celebra e se encanta.

                                     Nossos violeiros não cantam apenas com a voz, cantam com o coração inteiro,

                          como quem retira do peito a própria matéria do verso. Transformam sentimento em palavra,

                          e palavra em alicerce: construtores de monumentos vivos da nossa cultura popular.

                                     A cada cantoria, a arte se depura. A cada duelo de rima, a chama antiga se renova.

                          Porque, em cada desafio, ecoam as vozes do passado, um aprendizado invisível, transmitido

                          no fio da emoção, que faz do repente uma flor sempre em botão, sempre desabrochando.

                                     O cordel não é só literatura, é mapa da alma sertaneja, espelho do homem forjado

                          no barro e na bravura, no sol da esperança e na sombra da resistência. Essa é a arte que nos

                          habita. É o ofício que carregamos com orgulho, para enaltecer não só o Piauí, mas o Brasil

                          profundo que pulsa no sertão e se revela nessa tradição altiva e luminosa.

                                     Ao contemplar esta jornada: cinquenta edições de trajetória grandiosa, sabemos

                          que só um povo como o nosso poderia erguê-la com tamanha sabedoria, com o sopro

                          sagrado da criação. E reverenciar o passado é mais que honrá-lo, é lançar raízes no futuro

                          com os olhos voltados para o céu.


 4                                                                       5
   1   2   3   4   5   6   7   8   9   10   11