Page 44 - Seguindo os Passos do Sucesso
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Na época, o grande lazer dos amigos era cantar.
A irmã de Alice, Iracema, tocava violão e fazia
a primeira voz e ela, dedilhando um bandolim,
fazia a segunda voz. João e Abdiel, irmão de
Alice, tocavam em caixas de fósforos. Eles
esperavam que as duas garotas chegassem do
colégio no fim da tarde e aí todos ficavam na
porta da casa cantando e “jogando conversa
fora”, como se costuma dizer por lá.
Segundo Alice Rolim, uma das músicas que
eles mais gostavam de cantar era uma valsa
romântica de Mário Rossi e Gastão Lamounier:
“E o destino desfolhou”:
O nosso amor traduzia
Felicidade e afeição
Suprema glória que um dia
Tive ao alcance da mão
Mas veio um dia o ciúme
E o nosso amor se acabou, ou, ou
Deixando em tudo o perfume
“Guanabara do Sertão”, em homenagem ao Da saudade que ficou
novo estado brasileiro.
Eu te vi a chorar
Alice Rolim, filha de Dona Regina, lembra que Vi teu pranto em segredo correr
gostava muito de ler, mas que não tinha local E parti a cantar sem pensar que doía esquecer
para colocar os livros. João, então, deu-lhe uns Mas depois, veio a dor
caixotes que sobravam do mercado e ela os Sofro tanto e essa valsa não diz
transformou em uma bela estante que colocou Meu amor, de nós dois
no próprio quarto. Essa história mereceu até Eu não sei qual é o mais infeliz
uma poesia - Minha Estante: Os nossos olhos choraram
O nosso idílio morreu
Cinco tábuas de pinho ajustadas
Formam o jardim ideal do meu viver Os nossos lábios murcharam
Éden terrestre onde passo as horas Porque a renúncia doeu
Leda, tranqüila, sem lembrar a dor Desfeito o ninho, a saudade
Aqui conheço o mágico, o mito Humilde e quieta ficou
E me transporto ao mundo, ao infinito. Mostrando a felicidade que o destino desfolhou
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