Page 85 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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demitir os empregados, esperando que eles arranjassem outro trabalho...  bom, tudo
                                                       deu errado. E parou a venda de máquinas, a atividade de máquinas. O estoque estava

                                                       grande e precisávamos continuar. O meu pai, nessa época, passou a dar mais atenção
                                                       à loja, a ir lá para falar comigo, para poder me frear, porque eu estava meio perdido,
                                                       sem saber o que fazer. Venda não tinha, vamos fazer o quê? E ali, naquela região, não
                                                       havia a menor possibilidade de dar certo. Eu perguntei a ele o que fazer, ele não sabia,

                                                       também. Nem eu, nem ele, nem ninguém sabia. Eu disse: “Diminuir os empregados?” e
                                                       ele concordou em diminuir. Eu disse: “Mas resolve o nosso problema? E a necessidade
                                                       de continuar, a necessidade de pagar os fornecedores, etc...? Não vai dar certo”. Era só
                                                       para provocar o meu pai a ajudar a decidir, mas ele também não sabia. Nem ele e nem

                                                       eu. Aí eu chamei João: “João, você vai a Pedreiras ou Bacabal para a gente botar uma
                                                       loja. Nós vamos botar uma loja em um mês. Em um mês, temos que botar uma loja lá”.
                                                       De preferência, em Bacabal porque nós tínhamos um freguês, nessa época, que estava
                                                       vendendo, lá em Pedreiras, máquinas de costura, bicicletas e outras coisas. Não podia

                                                       concorrer muito com ele, porque eu precisava da venda dele. Eu disse: “De preferência
                                                       em Bacabal, porque temos esse freguês em Pedreiras, não podemos ir contra ele. E
                                                       Bacabal também é bom, João. Pedreiras é melhor, mas Bacabal é bom!”. Ele foi pra lá, e
                                                       lá alugou um prédio para botar a loja. E veio embora, alugou, acertou com o homem,

                                                       mas não tinha um contrato, veio para fazer o contrato aqui, eu não sei. Tinha um avião,
                                                       naquela época, que passava em Cajazeiras, um DC-3, então, ele foi as duas viagens de
                                                       avião. Foi a primeira viagem de avião, quando chegou lá, no outro dia voltou – o avião
                                                       ia em um dia e voltava no outro. Ele volta novamente para Bacabal, para renegociar o

                                                       contrato ou arranjar outro ponto. Eu disse: “Não venha para cá, fique aí. Faça o contrato
                                                       e prepare a loja, porque eu já mandei fazer as prateleiras, a instalação, já estão fazendo
                                                       aqui...” Foi tão rápido!



                                                       Sim, foi muito rápido! Enquanto Seu João viajava, o senhor já providenciava os produtos
                                                       para a loja?
                                                       Enquanto ele viajou, em uma semana, já estávamos embalando a mercadoria sem saber
                                                       para onde ia. E João ficou lá, negociando. Ele procurava ponto e não tinha de jeito

                                                       nenhum, nem grande nem pequeno. Ele alugou um pequenininho, mas não havia,
                                                       também, nenhum muito grande. E se houvesse, talvez esse mesmo dono do prédio







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