Page 29 - Seguindo os Passos do Sucesso

encontrado em um quarto que servia de foi crescendo e com simplicidade eles faziam
depósito, dormindo sobre os sacos de batatas.
Tinha ido lá buscar alguma coisa e adormeceu
enquanto procurava.
Outra vez, por volta de seus 12 anos, João e
os irmãos tinham feito uma grande fogueira no
terreno ao lado de casa, onde brincaram à noite.
Antes das dez da noite, Dona Francisquinha
deu a ordem costumeira, batendo palmas à
porta da casa, chamando os filhos: “Vamos
dormir!” Esperou que eles entrassem e fechou
a porta. Aguardou um pouco e foi conferi-los no
quarto. Mais uma vez, João não foi encontrado.
Começou a busca.
Procuraram primeiro em todos os cômodos da
casa e não encontraram. Acordaram os vizinhos,
já preocupados... e nada de João! Depois de
muito trabalho, encontraram-no dormindo, de
cócoras, ao lado da fogueira, com o corpo
quentinho. Cansado, ele dormira lá mesmo e
ninguém tinha visto. Amoroso, Seu Joca pegou
o filho no colo e colocou-o na rede. Só depois
todos puderam dormir sossegados.
A mãe, zelosa pela educação dos filhos,
lembrava-os sempre de que deveriam lutar
para “ser gente”, ser alguém na vida, ser
um vitorioso. Sem empregados, ela própria
costurava as roupas dos filhos e acompanhava
seus estudos. Esforçou-se para conseguir
realizar seu maior sonho, que era o de ter uma
família organizada.
O comércio de Seu Joca contava com o que
havia de mais precioso: a mão-de-obra. Os
empregados da loja eram os filhos. O negócio
28
Seguindo os Passos do Sucessoassos do Sucesso
Seguindo os P
de tudo um pouco na loja, sem despesa. Mão-
de-obra paga não existia, a economia era a
maior possível, os recursos só entravam e,
assim, foi crescendo. Existe um ditado que diz
bem o que foi acontecendo: “De onde não se
tira, finda crescendo”.
A casa “dos Claudinos” ficava estrategicamente
em frente ao Colégio Salesiano Padre Rolim,
que tinha do primário até o quarto ano ginasial.
Quem quisesse continuar os estudos, seguia
para outras cidades, de modo especial,
para Recife.
Do Colégio Salesiano e de Padre Bartolomeu
de Barros Almeida - um de seus diretores - João
Claudino guarda boas recordações. Com ele,
aprendeu grandes lições de vida, transmitidas
não apenas por palavras, mas, sobretudo por
ações. A maior delas vinha do fato de que,
apesar de rigoroso na direção do colégio, Padre
Bartolomeu costumava jogar bola e se divertir
com as crianças nas horas de lazer.
Quando estava de volta ao colégio, ele
continuava um amigo com quem os meninos
podiam contar, mas mudava a atitude para
assumir um papel mais sério. “Com isso, ele
mostrava que tudo na vida tem o seu tempo
certo e sua forma de ser; por isso é preciso
saber separar bem as coisas e o modo de agir”,
diz João.
Padre Bartolomeu chegou de Belém do Pará
em 1942. Lá chovia muito e ele havia adoecido.
Por recomendação médica, fixou residência em
Cajazeiras.
28