Page 26 - Seguindo os Passos do Sucesso

Dona Francisquinha era severa nessa questão: junto com os filhos, e conferir as cadernetas
tinha medo que “influências negativas” tirassem
os filhos do “bom caminho”. Assim, ela não
gostava de vê-los nas casas dos vizinhos, onde
podiam “aprender o que é feio”.
Mas João, com suas peraltices, costumava
fugir dos olhos da mãe, especialmente quando
o Açude Grande sangrava. Ele ia para casa
do amigo Constantino Cartaxo, em frente a
qual as águas excedentes do açude corriam.
O banho era uma verdadeira alegria! Mesmo
depois de tantos anos, ainda hoje essa é uma
das brincadeiras prediletas da garotada em
Cajazeiras. Outra brincadeira daqueles tempos
era jogar pião e caçar de badoque .
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João sempre foi mesmo um menino diferente
dos irmãos. Era agitado, irrequieto. Com dez
anos de idade “dava a vida” por uma bola.
Era sua brincadeira preferida. E já que eles
moravam em uma casa com uma área livre
na lateral, era o campinho perfeito de que ele
precisava. Era lá que acontecia a maioria das
brincadeiras dele e dos irmãos.
Lindalva Claudino lembra bem da paixão de
João pelo futebol. “Na quinta série colegial,
ele não se contentou: pegou todos os livros
novos e os transformou em bola. Ficou dando
‘embaixadas’ até que os livros foram se partindo,
as folhas rasgando... e não serviam mais para
jogar nem para estudar”, diz a irmã. Para Joca
e Francisquinha, que tinham o estudo sempre
em primeiro plano, isso era imperdoável! Ao
final dos trabalhos diários, mesmo cansado,
Seu Joca fazia questão de sentar-se à mesa,
de notas e comportamento, além de “tomar
a lição”, um por um. Quem não estava bem,
estudava mais um pouco. Era também tempo
de palmatória . Quem não “dava a tabuada” ou
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tirava nota abaixo de oito no comportamento,
sentia o peso da tábua nas mãos.
Seu Joca era um homem muito exigente, queria
sempre mais e cobrava dos filhos a mesma
dedicação. Ele gostava tanto de trabalhar que
transformava as suas atividades numa forma
de lazer, sendo motivo de prazer e realização.
E queria que os filhos também assim agissem,
pois precisava da contribuição de todos.
Além da mercearia, onde ajudavam a
“despachar os fregueses”, eles também
auxiliavam o pai na lida da pequena vacaria,
que se manteve no mesmo lugar, nos fundos
da sua casa, durante sessenta e cinco anos.
O leite produzido lá era vendido na rua ou
entregue nas residências e João era um dos
que faziam esse trabalho. Ele era auxiliado por
um carneirinho. A mãe havia costurado uma
bolsa e espécie de sela de tecido onde eram
colocadas as garrafas de leite.
Ele também era o responsável para trazer água
do Açude Grande, que era transportada em latas
colocadas no lombo de um jumento. Essas são
as maiores lembranças de João Claudino de
sua infância.
3 Forquilha munida de dois elásticos, unidos a um pedaço de couro,
onde se coloca pedra para atirar. Também é chamado de estilingue
ou baladeira.
4 Pequena peça circular de madeira com cabo, a qual servia para
castigar as crianças batendo com ela na palma das mãos.
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