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Na época, a denominação “armazém” estava Acho que é por isso que quando a loja foi
sempre relacionada a grandes empresas modificada, no discurso na reinauguração, Seu
e sugeria sortimento de produtos. No dia 19 de João quase não conseguia falar. Disse que
julho de 1958, a loja já estava montada e abria se sentia muito feliz quando vinha a Bacabal
suas portas para efetuar as primeiras vendas. porque foi onde ele começou de verdade a
vida comercial dele. A loja daqui ele considera
A partir daí, foram dias inesquecíveis. a mãe de todas”.
A paraibana Francisquinha, por exemplo,
lembra com carinho que, dois meses depois da O período foi marcante, também, na vida
loja ter sido inaugurada, ela chegou à Bacabal de Adonias. Ele não esquece a vida dura
vinda de Cajazeiras: “Eu montei uma pensão que levaram, nem os perigos nas estradas
chamada Globo Hotel, e era um dos locais que esburacadas, sem asfalto. “Nós fomos a um
Seu João ficava com o pessoal que trabalhava lugar e quase morremos num acidente, o carro
no Paraíba: o seu Adonias, que veio montar a caiu num buraco e ficou enganchado perto do
loja, Francisco Soares de Lima, meu pai, que abismo”, relembra.
vendia as confecções no interior, e o senhor
Felizardo, um homem de confiança de seu João Claudino continuou trabalhando em
João. Um dia, Seu João me chamou na loja Cajazeiras, “tocando o barco” sem alarde e
e disse que gostaria de passar a comer no sem ninguém saber qual era a sua real situação,
meu estabelecimento com o pessoal dele. É especialmente devido a sua simplicidade.
que a comida de Bacabal era forte e não tinha A maioria das compras era feita em Recife e São
óleo naquela época. A comida era feita com Paulo. E tudo à vista, portanto, sem débitos.
banha de porco, azeite e leite de coco e eles
não conseguiam se acostumar. Era cuscuz, Em Bacabal, a empresa foi crescendo e ele
carne de charque, mucunzá e carne assada. foi absorvendo as outras partes da usina.
Eu disse para ele que não tinha condições de Na cidade, era respeitado por todos como
servi-los, uma vez que a casa que eu morava um homem trabalhador. Chegou lá com um
era muito ruim, muito pequena. Mas ele disse entusiasmo característico, com uma vontade
que isso não era problema, pois o essencial era de vencer e com menos de dois meses já era
a comida. Então, eu comecei a fazer a uma pessoa querida por todos.
comida deles”.
Ele mesmo costumava trabalhar como
Ela recorda, também, que não foram dias fáceis, “homem-sanduíche” - aquele que anda com
mas que valeram a pena: “Nessa época era só uma placa na frente e outra atrás apresentando
trabalho e eu perguntava o que a gente tinha os atrativos de sua loja. Os concorrentes faziam
vindo fazer aqui, pois na verdade isso aqui era propaganda com megafones, chamados de
lama pura. De noite, eles vinham para cá e na “funil” pela população, na porta das lojas. Já
hora de dormir eles voltavam para o armazém. João Claudino, usava um veículo enfeitado
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