Page 62 - Seguindo os Passos do Sucesso
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Na época, a denominação “armazém” estava                         Acho que é por isso que quando a loja foi
                        sempre relacionada a grandes empresas                            modificada, no discurso na reinauguração, Seu
                        e sugeria sortimento de produtos. No dia 19 de                   João quase não conseguia falar. Disse que

                        julho de 1958, a loja já estava montada e abria                  se sentia muito feliz quando vinha a Bacabal
                        suas portas para efetuar as primeiras vendas.                    porque foi onde ele começou de verdade a
                                                                                         vida comercial dele. A loja daqui ele considera
                        A partir daí, foram dias inesquecíveis.                                  a mãe de todas”.
                        A paraibana Francisquinha, por exemplo,

                        lembra com carinho que, dois meses depois da                     O período foi marcante, também, na vida
                        loja ter sido inaugurada, ela chegou à Bacabal                   de Adonias. Ele não esquece a vida dura
                        vinda de Cajazeiras: “Eu montei uma pensão                       que levaram, nem os perigos nas estradas

                        chamada Globo Hotel, e era um dos locais que                     esburacadas, sem asfalto. “Nós fomos a um
                        Seu João ficava com o pessoal que trabalhava                     lugar e quase morremos num acidente, o carro
                        no Paraíba: o seu Adonias, que veio montar a                     caiu num buraco e ficou enganchado perto do
                        loja, Francisco Soares de Lima, meu pai, que                     abismo”, relembra.
                        vendia as confecções no interior, e o senhor

                        Felizardo, um homem de confiança de seu                          João Claudino continuou trabalhando em
                        João. Um dia, Seu João me chamou na loja                         Cajazeiras, “tocando o barco” sem alarde e
                        e disse que gostaria de passar a comer no                        sem ninguém saber qual era a sua real situação,

                        meu estabelecimento com o pessoal dele. É                        especialmente devido a sua simplicidade.
                        que a comida de Bacabal era forte e não tinha                    A maioria das compras era feita em Recife e São
                        óleo naquela época. A comida era feita com                       Paulo. E tudo à vista, portanto, sem débitos.
                        banha de porco, azeite e leite de coco e eles
                        não conseguiam se acostumar. Era cuscuz,                         Em Bacabal, a empresa foi crescendo e ele

                        carne de charque, mucunzá e carne assada.                        foi absorvendo as outras partes da usina.
                        Eu disse para ele que não tinha condições de                     Na cidade, era respeitado por todos como
                        servi-los, uma vez que a casa que eu morava                      um homem trabalhador. Chegou lá com um

                        era muito ruim, muito pequena. Mas ele disse                     entusiasmo característico, com uma vontade
                        que isso não era problema, pois o essencial era                  de vencer e com menos de dois meses já era
                        a comida. Então, eu comecei a fazer a                            uma pessoa querida por todos.
                        comida deles”.
                                                                                         Ele mesmo costumava trabalhar como

                        Ela recorda, também, que não foram dias fáceis,                  “homem-sanduíche” - aquele que anda com
                        mas que valeram a pena: “Nessa época era só                      uma placa na frente e outra atrás apresentando
                        trabalho e eu perguntava o que a gente tinha                     os atrativos de sua loja. Os concorrentes faziam

                        vindo fazer aqui, pois na verdade isso aqui era                  propaganda com megafones, chamados de
                        lama pura. De noite, eles vinham para cá e na                    “funil” pela população, na porta das lojas.  Já
                        hora de dormir eles voltavam para o armazém.                     João Claudino, usava um veículo enfeitado




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