Page 109 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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Floriano, Teresina, já eram cidades mais desenvolvidas. Bacabal era... olha, Bacabal era
tão feia e esquisita a cidade que, em 1960 ou 1961 – nós colocamos uma loja em Bacabal
em 1958 –, eu vim a São Paulo e idealizei vender jipe, botar uma concessionária de jipe
em Bacabal. Conheci um amigo lá em Patos, na Paraíba. Radiney, acho que é esse o
nome dele, combinou comigo para vir a São Paulo me apresentar na Willys Overland.
Fomos lá e, na entrevista, mostrei o que tínhamos, o que era Bacabal, o desenvolvimento,
a falta dos veículos, a distância para outras concessionárias, os motivos que me levaram
a reivindicar a concessão. E eles gostaram da ideia e da firma, a firma já tinha evoluído.
Estávamos em 1961, mais ou menos. Eles disseram: “Nós vamos lá olhar a cidade.
Queremos botar uma concessão lá no Maranhão, porque não tem nenhuma. E foi
oportuna a sua vinda aqui”. Fui embora, e eles mandaram, de fato, um emissário para
Bacabal. Ele passou antes pela cidade de Caxias e, lá em Caxias, ele parou e gostou da
cidade, do aspecto da cidade. Era a cidade mais importante do interior, ainda hoje é uma
cidade muito importante. Mas, naquele tempo, era muito destaque no Maranhão, por
causa da estrada de ferro. O descobrimento do Maranhão foi ali, pela região de Caxias,
de lá para São Luís. Eles examinaram o comércio, conheceram um grande comerciante
que tinha em Caxias chamado Alberto Silva. A firma era A. Silva, era a maior firma de
lá e era uma das maiores do interior do Maranhão. Era uma firma tradicional, muito
forte, muito importante, e influente, até na política. Alberto Silva não era candidato,
mas ele tinha uma influência muito grande na política. De tudo ele tinha, entendeu?
Então, o emissário passou lá em Caxias, antes de ir para Bacabal, e mandou logo uma
carta para virem a Caxias acertar a representação.
Muito rápido, não é mesmo?
Rápido! Ele já achou que estava prontinho. Alberto Silva tinha prédio próprio, era
respeitado, parece que tinha uma rádio, era muito grande, estava muito estruturado.
Quando o emissário da Willys Overland seguiu para Bacabal e examinou a cidade,
mandou uma carta-resposta para o Paraíba, dizendo: “Bacabal é uma menina nua. Está
ansiosa para progredir”, entendeu? Era com um termo mais ou menos assim, a carta
dele. “Então, não está na hora. A firma de vocês apesar de atender muito bem vários
pontos da concessão, mas a cidade não dá. E, no Maranhão, no momento, nós vamos
botar somente essa filial, que já tem”. Então, ficou prorrogado. Apesar de que, anos
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