Page 105 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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molas, uma maquinazinha, antiquada, velha... Eu comprei essas máquinas e comecei
                                                       com a fabricazinha de colchão lá em Bacacal. Quando eu estava procurando isso, as

                                                       pessoas... “Você vai fazer o quê?”. “Fazer colchão”. “Mas colchão é a coisa mais ruim que
                                                       tem”. “Mas o povo precisa dormir, tem que ter colchão, não é?”. Aí ele disse: “É o negócio
                                                       pior que tem”. Eu disse: “Mas os outros que fizeram colchão sofreram igual a mim”. Bom,
                                                       compramos as máquinas usadas e começamos com colchão em Bacabal. A fábrica não

                                                       evoluiu, porque o gerente não tinha muita habilidade para indústria nenhuma, era um
                                                       rapaz muito bom, gente boa, direito e sério, preocupado, arrumadinho. Ele ia trabalhar
                                                       e levava uma ou duas camisas para trocar durante o dia, porque tinha muita poeira em
                                                       Bacabal. Bom, esse rapaz não evoluiu, estava fazendo uma coisa muito antiquada, e eu

                                                       acabei com a fabricazinha. Eu passei a comprar de São Paulo, onde eu comprava antes,
                                                       na Probel. A Probel é uma fábrica muito antiga no Brasil e, durante muito tempo, ela
                                                       liderou esse comércio de colchão. Os grandes hotéis do Brasil, a maioria ou quase todos,
                                                       eram feitos com colchão Probel. Hoje, está muito dividido com grande participação da

                                                       Socimol, mas, naquele tempo, ela dominava. Eu passei a comprar muito colchão desse
                                                       tipo e mandar fazer carroceria adequada para transportar um determinado número
                                                       de colchões. Com um tipo de equipamento de amarrar, também apropriado. Então,
                                                       funcionou bem. Para poder ir uma quantidade maior, ter um aproveitamento maior.

                                                       Nesse tempo, já começava a ter carrocerias maiores. O Brasil progrediu muito. Quando
                                                       eu estava comprando, em 1972, uma carreta fechada, eu tomei conhecimento que, nos
                                                       primeiros caminhões, na década de 1950, vinha o kit dos Estados Unidos da carroceria
                                                       aberta. Hoje, toda cidadezinha  está  deixando  de  fazer,  porque  em  todo  canto  tem

                                                       carroceria, não é? Pois, naquele tempo, a primeira, da “Fourhalfs”, vinha o kit, até os
                                                       parafusos, vinha tudo, dos Estados Unidos. Era uma carroceria muito boa, porque tem
                                                       carroceria lá que é bem antiga. Então, já tinha condição de fazer uma carroceria própria
                                                       para transportar uma quantidade grande de colchão.... uma evolução!



                                                       O senhor falou dos primeiros anos do Armazém Paraíba e do rápido crescimento no
                                                       Maranhão. Com relação aos primeiros anos do Paraíba em Teresina, no Piauí, vocês

                                                       tiveram a mesma velocidade de Bacabal?
                                                       Não, não foi a mesma velocidade, porque nós fomos para uma cidade (Bacabal) que
                                                       parecia um garimpo naquela época, entendeu? As cidades principais do Piauí, como







                                                                                                 VALDECY ENTREVISTADO POR DOUGLAS MACHADO                 105
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