Page 119 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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interessar por isso, comprei uma financeira do Banco Denasa de Investimento, que era
do Baldomero Barbará, genro do Juscelino Kubitschek. Ele tinha o Banco Denasa e a
financeira, ele vendeu a financeira. Coloquei em São Paulo e financiava os clientes do
Paraíba, porque não podia financiar a firma. Não podia fazer empréstimo para a firma,
nem para pessoas ligadas da família. Estava bem a financeira, mas o Banco Central
discordava de darmos o crédito fácil. Eu vinha do Paraíba, o Paraíba dava o crédito
muito fácil, e eu adotei, também, aquele sistema. Mas o regulamento do Banco Central
dava os parâmetros, não pode ser de qualquer jeito, até mesmo porque ele corre o risco.
Ele sabe o que está fazendo. O Banco Central, como todo banco, sabe fazer, por isso
é banco! O Banco Central não concordava comigo, a fiscalização achava tudo certo,
mas vinha uma carta com um resumo discordando de alguma coisa do crédito. Só
do crédito. Aquilo foi me chamando atenção e eu explicava tudo, os motivos, por que
fazia. Para eles compreederem melhor e tentarem ver se adaptavam. Eles diziam: “Sua
explicação está boa, mas você precisa seguir o regulamento do Banco Central. Não
pode ser diferente, e o Banco Central não pode seguir o seu regulamento. Também é
muito fácil de entender”. Nessa hora, eu estava negociando com firmas daqui de São
Paulo, uma cadeia de lojas chamada Colômbia. Não é Columbus do Rio Grande do Sul,
era Colômbia. Uma rede de eletrodomésticos, várias lojas que tinha aqui. E eu estava
negociando financiar para eles, para dividir mais... diminuir a atividade lá e dividir
mais para outros, para poder melhorar a situação. Mas resolvi fazer diferente, resolvi
fechar, parar. Já que tinha que mudar o sistema, e eu tinha muita atividade, não quis
me dedicar a isso. A financeira, quando fomos comprar, o Banco Central analisou e
achou que a firma estava em condição de adquirir, estava boa. Analisou o cadastro do
Paraíba, meu e de João, mas quando veio a resposta de concordância do Banco Central,
vinha também a informação de que aprovava adquirir a financeira, mas não aprovava
a administração somente por Valdecy e João, porque não tinham experiência bancária,
financeira. Precisava colocar, pelo menos, dois diretores do ramo financeiro. E eu
encontrei um que tinha trabalhado no banco, que o Roberto Campos teve, e outro da
Cetenco, e mais um terceiro, que era um gerente muito bom. O Banco Central aprovou,
nós colocamos e íamos muito bem. Mas como eu falei, parei, ficou alguns anos parada
e depois vendi para as Casas Bahia, entendeu?
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