Page 120 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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Houve também uma fábrica de tecidos...
                            Bom, isso foi mais uma firma, uma terceira, uma fábrica de tecido. Antes de botar a
                            fábrica de tecido, eu tinha um sistema de fabricação que comprava o fio, mandava fazer
                            o tecido, – sempre tive ligação com o tecido – e aí, mandava tingir. Não tinha a fábrica
                            propriamente dita, mas tinha esse esquema que não fui eu que inventei. Muitos têm
                            em São Paulo, sendo que eu comecei do fio, eles começavam comprando o tecido para

                            mandar fazer. Eu comprava o fio e mandava fazer o tecido, depois tingir, cortar e mandar
                            fazer. Então, tudo de facção... como é que se chama hoje? Era terceirizado! Faziam o
                            tecido e pronto. Mas isso não durou muito, porque quando eu estava contratando

                            pessoas, mais pessoas, para fazer isso ou aquilo e desenvolver mais, um deles, em vez
                            de querer trabalhar para a nossa firma, ele resolveu foi vender a fábrica... e eu comprei
                            a fábrica de tecido. Nessa ocasião, era muito importante a fábrica de tecido, porque
                            eu tinha feito um projeto para botar uma fiação no Piauí, em São Raimundo Nonato.
                            Ainda tem o terreno lá, está com o João. Foi comprado um terreno grande, fiz o projeto

                            e, nessa hora, a fábrica foi importante porque tinha o pessoal técnico, para poder ir
                            botar essa fábrica no Piauí. Que não ia ser igual a essa de São Paulo, aqui é de linho,
                            mas era uma fiação de algodão, dentro do mesmo ramo. E lá foi aprovada a fábrica, foi

                            aprovada. Uma reunião grande da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do
                            Nordeste), reunião do conselho da SUDENE, foi para Teresina e aprovou a fábrica lá. Mas
                            o projeto que foi aprovado, que foi o mesmo projeto que criou a Guadalajara, na época,
                            foi para incentivar o setor têxtil, e botou a Guadalajara. Mas aquela lei que criou esse
                            incentivo dizia que “o projeto estava aprovado, e toda a firma poderia entrar nesse ramo,

                            porém cada fábrica, cada projeto, precisava da anuência, a concordância e aprovação do
                            governador especificamente para aquele projeto”. Ficava essa dependência. O governo
                            aprovou o projeto. O governador da época era – eu não me lembro – Dirceu Arcoverde

                            (Dirceu Mendes Arcoverde – governador do Piauí de 1975 a 1978) ou coisa parecida. E
                            depois veio o Portela (Lucídio Portela Nunes – governador do Piauí de 1979 a 1983). O
                            Portela falou comigo várias vezes e concordou conosco, comigo e com João, e estava
                            bem disposto a sacramentar, a concordar, a autorizar, a aprovar aquele projeto. Porém,
                            ele demorou muito, porque havia empecilho em Brasília. Delfim Netto (Antônio Delfim

                            Netto – ministro da Fazenda de 1967 a 1974) era ministro e disse: “O estado que conceder
                            incentivo não venha buscar dinheiro aqui”, entendeu? Ele estava tentando acomodar







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