Page 67 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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abastecer mais, um volume maior de mercadoria, para ir para um lugar mais distante.
                                                       Como eles eram pessoas muito boas, mereciam confiança, eu entreguei uma quantidade,

                                                       relativamente, grande para os mascates irem trabalhar lá. Apesar de cunhados, tinha
                                                       um que era mais sabido e era mais interesseiro, o outro, que era pai da secretária de
                                                       João, secretária de hoje...



                                                       Dona Ivonete Dias.
                                                       Ivonete, o pai da Ivonete! Era um homem muito bom, muito íntegro e dedicado àquilo.
                                                       Ele se dedicou e vendeu tudo que ele levou em duas semanas, mais ou menos, e pediu
                                                       para vender o do cunhado que estava doente. O cunhado, logo que chegou lá, começou

                                                       a trabalhar e adoeceu, e a mercadoria ficou parada, guardada. Então, o outro vendeu a
                                                       mercadoria toda e disse “me dê a sua para vender”, e vendeu tudo também. Menos de
                                                       um mês depois, ele chega em Cajazeiras para buscar mais mercadoria, e pagaram todo
                                                       o valor da mercadoria, inclusive, o saldo que tinha lá. Já tinham ganho e ainda ficou um

                                                       saldo lá! Uma coisa incrível. O Maranhão, naquela época, era um lugar muito bom para
                                                       ganhar dinheiro, era uma coisa nova, novidade... era como um garimpo. Era tipo um
                                                       garimpo! E esses rapazes começaram a progredir muito lá e a subdividir, colocar uma
                                                       rede de revendedores, mas aí já era mais difícil, eles tinham que tomar conta dessa rede.



                                                       São coisas diferentes, é bem mais difícil.
                                                       Uma coisa é ele tomar conta do dele mesmo, ele consegue fazer bem. Mas uma rede já é
                                                       diferente, e aquilo me preocupou. Estavam com muita mercadoria, e não eram só eles.

                                                       Em 1953, eu fui lá conferir essa mercadoria. Estava certo, realmente, estava certo, mas
                                                       eles já estavam com outros negócios e estavam desviando a atenção, e eu passei a ter
                                                       mais cuidado. Então, houve sucesso, mas como as lojas estavam progredindo bastante,
                                                       aí passa a ser menos importante o mascate, aquela atividade de confecção para mascate.

                                                       E o Brasil, também, começava a progredir mais, a ter mais mascate. Coisa natural, mas
                                                       o principal era o progresso da rede de lojas, principalmente, uma fase muito importante
                                                       que houve no comércio, em 1956 e 1957, que foi a chegada das máquinas de costura. No
                                                       Brasil, não havia fábrica de máquina de costura... tinha só uma fábrica, mas havia pouca

                                                       produção, e o povo não tinha máquina. As máquinas de costura Singer vinham dos
                                                       Estados Unidos. A minha irmã mais velha queria comprar uma máquina de costura,







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