Page 64 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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época, meu pai já influenciava muito pouco, já deixava nós resolvermos tudo. Já era
                            assim que funcionava, e isso funcionou.



                            Foi nesse período que se ampliou a venda de tecidos, de confecção?
                            Quando eu entrei, em 1948, comecei a aumentar um pouquinho. Em 1950, que eu
                            comecei a viajar para Recife, eu comecei a comprar tecidos próprios para confecção,

                            de mascate. Comprava até tecido bom, coisa até boa, também. Comprava umas coisas
                            grosseiras,  e  até coisa  melhor,  que  usavam  muito.  Um  tecido,  por exemplo,  cáqui
                            Floriano, era até um artigo muito usado. Tinha um tecido chamado TV8, era uma
                            gabardina para camisa, muito bom. E tricoline branca, boa, como se fazem hoje as

                            camisas melhores que têm no Brasil. Agora fazem com tecido importado, mas, naquele
                            tempo, já era importado. Também havia a fábrica Nova América, no Rio de Janeiro,
                            que fazia coisa boa. Então, eu comprava muito tecido para camisa e para calça. E o
                            negócio foi crescendo, vendendo para mascate, e cresceu tanto que vinha gente de

                            Caruaru, às vezes, comprar. Vinham com dinheiro, porque eles notavam que ali o que
                            se produzia era coisa muito apropriada, muito boa para eles ganharem dinheiro. E eu
                            passei a usar um método de consignação, em vez de ser venda, era uma consignação.
                            Entregava a mercadoria àqueles mascates e mantinha um controle muito grande para

                            eles não desviarem o lucro. Por exemplo, às vezes, o mascate estava indo bem, ganhava
                            dinheiro e ia construir uma casa. Eu dizia: “Olhe, se você for construir uma casa, eu não
                            posso mais lhe vender em consignação. Tem que ser à vista”. Não deixava ele construir
                            a casa facilmente, tirar o dinheiro. Só quando ele já tinha o dinheiro suficiente, para

                            não se sacrificar. Eu administrava o problema dele, não deixava que ele desviasse muita
                            atenção para aquilo. Ora, se uma pessoa vai construir uma casa, ela precisa de tempo
                            para cuidar da casa e precisa do dinheiro. E alguns deles ganharam bastante dinheiro e
                            construíram casas. Cada vez que desviava as atenções para outro negócio, ele deixava

                            de atender bem a atividade principal dele, que era mascate. Então, aconteceu um caso
                            de dois rapazes, uns cunhados, eles foram para Pedreiras, no Maranhão. Pedreiras, na
                            época, em 1953, 1954, por aí assim... nesse período, mais ou menos, estava havendo
                            muita atração de comerciantes de arroz, que iam comprar arroz lá. Vinha muito arroz

                            para Paraíba lá de Pedreiras, de Bacabal, daquela região do Maranhão. Começava-se
                            a falar muito do Maranhão, na produção de arroz. E dois mascastes me propuseram







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