Page 61 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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lucro grande, quando refizemos o balanço era mais. Não era aquele balanço. O primeiro
balanço deu trezentos mil de lucro, o segundo balanço deu quatrocentos. Estava errado
mesmo, não é? São episódios curiosos na vida da gente que dificulta de esquecer. Eu me
lembro desse episódio muito engraçado. E o João ainda não trabalhava na loja, era na
mercearia, mas havia essa influência. De um episódio desse ele participava. Em 1952,
foi muito importante. A loja estava, realmente, muito bem e fazendo certo sucesso na
cidade, apesar de ainda pequena. Para hoje seria muito pequena, para a época ainda era
pequena, mas era um dos comerciantes que tinha um certo destaque. E eu vislumbrei
que havia chance de progredir muito, mas aí precisava de gente... de gente para trabalhar
mesmo, para ajudar... e era João! Eu comecei aí a achar que era melhor ele vir para a loja,
do que continuar na mercearia. Lá não estava evoluindo tanto, ela evoluiu bastante, mas
as coisas têm um limite. Para o setor, para a região, não era o ideal. Talvez se ele saísse
de lá e fosse mais para o centro da cidade e fizesse alguma coisa maior, ou então outra
coisa. E, como na loja estava precisando mais, eu comecei a pensar que era melhor ele
vir para a loja ajudar.
Mas, nesse período, o senhor disse alguma coisa para que o Seu João deixasse a
Guanabara do Sertão e passasse, efetivamente, para a Nações Unidas?
Eu não dizia nada, eu não tinha a decisão total ainda. Mas nessa hora, em 1952, eu,
então, fiz uma sociedade com meu pai. Já estava trabalhando, mas não tinha ainda
feito uma sociedade. Não tinha ainda tido a decisão de qual era a minha participação.
Trabalhava assim... normal (SR. VALDECY BATE AS MÃOS NA MESA, COM ENTUSIASMO).
Desculpa, a pancada foi grande demais!
Não, não tem problema.
Fiz a sociedade e o negócio começou a crescer muito. E nesses dois anos seguintes, 1953
e 1954, foi muito bom, mas já não dávamos conta. Aí, em 1954, no começo do ano, eu
falei com meu pai para botar o João. Fechar a mercearia e mudar o João para a loja, que
era mais importante. Lá estava bem, mas na loja ia ser melhor, sem dúvida. E assim
aconteceu! Fizemos uma sociedade, meu pai até relutou e disse: “Estamos tão bem. Para
que mudar?”. Eu disse: “Mas vai ficar melhor, é para crescer! Porque o que nós estamos
precisando é de mais gente. Eu só não dou conta. Então, o crescimento fica também
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