Page 79 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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Podemos dizer, então, que, nesse período, começava a história da venda de máquinas
de costura?
Bom, quero dizer como começou a história das máquinas de costura, o João, quando
viu aquilo ali, foi logo para São Paulo.
Para São Paulo novamente?
Novamente! Ele foi a primeira vez para o congresso, passear, e viu os negócios das
máquinas e voltou para São Paulo (SR. VALDECY BATE PALMAS UMA VEZ, COM ENTUSIASMO).
Quando chegou em São Paulo, tinha comprado muitas máquinas, arranjou caminhões...
(INTERROMPE O RACIOCÍNIO). Eu não devia ter batido as mãos...
Por causa da gravação? Não tem problema, nem se preocupe com isso. Retomando:
então, mal chegou a Cajazeiras, Seu João voltou para São Paulo?
Ele voltou para São Paulo para comprar. A gente trabalhava muito em sintonia. Ele
voltou e comprou alguns caminhões de máquinas, mas não era muito ainda. Quando
a gente é novo, tudo acha muito. Não teve coragem de comprar muito. Mas o que João
comprou, quando chegou em Cajazeiras, vendeu logo, vendia rápido. As que vinham
de João Pessoa, que era em maior quantidade, vendiam rápido também. Aí eu
disse: “volta, João, de novo, para São Paulo!”. Em seguida, em menos de um mês. Aí
comprou uma quantidade maior, mas nada era suficiente para atender o consumo. O
povo não tinha máquina, e todo mundo desejava. Tinha ocasião que chegava um pai,
negociava a máquina e dizia: “Eu quero três máquinas”. Então, era assim, um consumo
muito grande. Mas não éramos só nós que vendíamos, outros vinham para São Paulo
e compravam também. Apesar de que o nosso negócio era o maior de lá. Eu viajei
para Campina Grande e vendi máquina lá. Vendia, também, para outras cidades. E se
tornou um negócio tão grande que eu, então, fiz uma viagem para Sousa na Paraíba,
e depois para o Rio Grande do Norte, com a mercadoria para vender no atacado. Não
era varejo, só atacado. Em cada cidade, nomeava um revendedor. Fiz essas viagens aí e
fiz no Ceará. E depois o João fez outras viagens, deu continuação a isso, viajou para o
Ceará para vender máquinas. Mas eu adotava o seguinte: eu só vendia para o melhor
freguês da cidade. Eu chegava na cidade e investigava com a pessoa do hotel, de um
restaurante, um barbeiro, um comerciante, um taxista, que não tinha na época, mas
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