Page 91 - Valdecy Claudino (Entrevistado por Douglas Machado)
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pequeno, que tinha uma fábrica de beneficiamento de algodão, alugaria apenas um
pedaço de um prédio. Ele tinha vários prédios de 300 metros e alugou um, mas não
alugou todo, alugou a metade. Ora, se 300 metros já é pequeno, ele alugou só a metade!
Era muito difícil encontrar um prédio em Bacabal. Alugou aquele prediozinho de 11
metros de frente por 15 metros, que tem nas fotos antigas do Paraíba. O proprietário
ofereceu: “João, eu só alugo todo. Eu não quero dividir”. “E quanto é?”. “Quinze mil
cruzeiros”. Não pode, não dava. Quinze mil cruzeiros era muito para a situação que
estava de falta de dinheiro naquela ocasião. E, quando João propôs seis mil cruzeiros,
ele não concordou, aí João alugou metade por quatro mil cruzeiros. Na volta para o
contrato, para renegociar, já foi seis mil só a metade. Foi muito ruim.
Com um espaço tão pequeno, e como foi quando a mercadoria chegou?
Quando chegou a mercadoria, muita máquina de costura – nós tínhamos um estoque
enorme de máquina de costura, porque não estávamos vendendo – começamos a
botar, mas não tínhamos espaço suficiente. Passamos a procurar qualquer barraco,
qualquer galpão, para colocar a mercadoria que era muita. Como havia a dificuldade
de transporte para Bacabal, eu passei a vir a São Paulo, João estava lá tomando conta
disso. Para a inauguração, eu não fui... não me lembro de ter ido, não me lembro de
ter ido. Ele foi! Ah, sim, eu fui, eu fui, também. E, naquela ocasião, não havia estrada
no Maranhão, ali de Caxias para Codó. De Caxias para Codó, não tinha estrada de
rodagem, tinha provisória, e tinha muita areia. Havia uma dificuldade de chegar, mas
foi nessa época mesmo que foi construída a estrada. Juscelino (Juscelino Kubitschek,
ocupou a Presidência do Brasil de 1956 a 1961), quando assumiu o governo, disse:
“noventa dias para construir a estrada”, aí foi construída rápido. Quando fomos mandar
a mercadoria para Bacabal, faltava transporte, era difícil devido às dificuldades para
aquela região. As transportadoras demoravam demais a chegar, não tinha como botar.
Então, eu vim para São Paulo e aqui nós alugávamos o caminhão que encontrava, e eu
comprava mais alguns caminhões. Às vezes, comprava quatro caminhões novos à vista.
Botava na carroceria, enchia de mercadoria e mandava para lá. Vendia logo! Chegava um
caminhão de mercadoria, de máquina de costura, e vendia tudo no mesmo dia. Vendia
tudo rápido, pois, em Bacabal, faltava tudo. Eu voltava e buscava mais mercadoria,
comprava caminhão e mandava para lá.
VALDECY ENTREVISTADO POR DOUGLAS MACHADO 91

